terça-feira, 25 de outubro de 2016

Centros de toxicologia se reúnem para discutir protocolos terapêuticos

Jucelino Nery e Dr. Daniel Rebouças foram recebidos por
 Dr. Délio Campolina, coordenador do CIAT-BH.
Representantes do Centro Antiveneno da Bahia (Ciave) participaram esta semana, em Belo Horizonte, da reunião técnica dos Centros de Informação e Assistência Toxicológica e Toxicologistas Clínicos - Abracit. O evento, de grande relevância para os Centros de Informação e Assistência Toxicológica, chamados CIATox, teve como tema principal a padronização de condutas nos acidentes com animais peçonhentos, soroterapia e atualizações na abordagem inicial ao paciente intoxicado, e teve a presença de representantes do Ministério da Saúde (MS), Fundação Ezequiel Dias (Funed) e Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos da UNESP (Cevap).

O biólogo e representante da Organização Panamericana de Saúde (Opas) junto ao MS, Flávio Dourado, falou sobre a atual crise na produção e no abastecimento de soros antivenenos no país, situação que deve começar a ser normalizada a partir de novembro. Dourado recomendou ainda a divulgação das novas recomendações do MS em relação à soroterapia para os acidentes por serpentes do gênero Bothrops e os acidentes escorpiônicos, que foi divulgada às secretarias estaduais de saúde através da Nota Informativa nº 25/2016-SVS-MS.

A complexidade da produção dos soros antiveneno foi abordada por Maurício Abreu Santos, gerente da Divisão de Produção de Imunobiológicos da Funed. Ele explicou como está sendo feita a produção compartilhada destes soros entre os laboratórios oficiais (Funed, Instituto Butantan, IVB e CCPI), o que tem amenizado o problema do abastecimento destes insumos.

Uma boa notícia foi dada pelo pesquisador Rui Seabra Ferreira Júnior, do Cevap, que explanou sobre o denominado Estudo APIS, desenvolvido em parceria com o Instituto Vital Brazil (IVB), que produziu um soro contra o veneno de abelha (soro antiapílico). Atualmente, o projeto está em fase de estudo clínico (Fase 2). Ao final dessa fase, será concluído ou não se o soro poderá ser administrado normalmente em seres humanos. Para que a pesquisa seja válida, é necessário que os pacientes não apresentem efeitos adversos ou qualquer tipo de reação.

No segundo dia, foram apresentadas e discutidas as condutas terapêuticas para os acidentes por animais peçonhentos. O médico toxicologista Daniel Rebuças, diretor do Ciave e ex-presidente da Abracit, falou sobre questão relacionada aos acidentes por Latrodectus (aranha viúva-negra) e por Lachesis (serpente surucucu).

Outros assuntos, como medidas de descontaminação do paciente intoxicado, a inclusão dos CIATOx no grupo gestor da Rede de Urgência e Emergência e sistemas de registro de intoxicações também foram discutidos.

A Abracit, instituição organizadora do evento, segundo o diretor do Ciave, tem como principal objetivo representar os CIATox e seus profissionais junto a órgãos e conselhos governamentais executivos e legislativos, na busca de medidas de efetivo reconhecimento e valorização destes Centros.

No terceiro dia, o Daniel Rebouças e Jucelino Nery, farmacêutico e coordenador técnico do Ciave, realizaram visita técnica ao Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Belo Horizonte (CIAT-BH), localizado no Hospital João XXIII, o segundo Centro mais antigo do Brasil, acompanhados do seu coordenador do serviço e atual presidente da Abracit, Délio Campolina.

Fonte: Ciave

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Acidentes com crianças crescem na Bahia nos últimos 15 anos

Para enfrentar o crescimento de acidentes com produtos e serviços, órgãos públicos e entidades da sociedade civil formaram a Rede Consumo Seguro e Saúde para desenvolver ações em conjunto.
Durante todo ano são realizadas operações de fiscalização e orientação a população. O mês de outubro será dedicado para alertar sobre riscos com crianças, com ações do Ibametro, Procon, Codecon, Corpo de Bombeiros, dentre outros órgãos.
 A Semana Criança Segura será realizada entre os dias 04 a 11 de outubro em escolas das redes municipal e estadual, faculdades, shopping, finalizando com um seminário no dia 11 na Escola Superior da Defensoria Pública.

A Realidade dos acidentes na Bahia
Enquanto a média nacional aponta para redução das mortes em acidentes em -23,67%, entre o público de 0 a 14 anos, na Bahia a situação piorou com um crescimento no número de mortes em 5,02%.
Quando são analisados os números de internações, a situação se repete. Enquanto nacionalmente, as internações atingiram a média de 8%, na Bahia houve um crescimento de 14,81%.
Chamam atenção, os dados de mortes com sufocação ou esgasgamento, ou seja, obstrução das vias aéreas, quando a criança acidentalmente aspira um corpo estranho como uma peça de brinquedo, objetos pequenos, como botões, grãos, moedas e balões de borracha.
Na Bahia, o índice aponta para um crescimento assustador de 337,50%, enquanto que na média nacional houve uma redução dos casos na ordem de – 1%.
Para o diretor geral do Ibametro, Luiz Freire, este tipo de acidente é a principal causa de morte de bebês com até um ano de idade.
“Devemos também estar atentos à faixa etária de zero a seis anos, período em que as crianças começam a descobrir o mundo a sua volta e tendem a conhecê-lo levando objetos à boca, originando os acidentes graves. Os pais devem obedecer às restrições de idade em determinados brinquedos e não consumir produtos pirateados que representam grave ameaça às crianças”, alertou Freire.
Outro tipo de acidente crescente na Bahia é relativo a quedas. Enquanto nacionalmente houve uma redução de – 3%, a Bahia apresentou, neste período, um crescimento de óbitos na ordem de 3%.

Ciave alerta para riscos com Medicamentos e Saneantes
Segundo Jucelino Nery, farmacêutico e coordenador de apoio terapêutico do Centro Antiveneno (Ciave), órgão da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), mais de 30% das vítimas dos casos de intoxicação registrados pelo centro são crianças, principalmente por exposição a medicamentos.
O farmacêutico alerta, ainda, que mais de 70% destas intoxicações ocorrem no ambiente doméstico.

Corpo de Bombeiros fará demonstrações de primeiros socorros
Como parte da estratégia de sensibilização dos riscos e orientação sobre os primeiros socorros com crianças que sofreram algum tipo de acidente, o Corpo de Bombeiros, membro da Rede de Consumo Seguro e Saúde – Bahia, irá sensibilizar estudantes da rede municipal e estadual durante a Semana Criança Segura.
Para o comandante do Corpo de Bombeiros, o coronel Francisco Luiz Telles de Macedo, a parceria com vários órgãos contribuirá para que a população fique mais atenta aos riscos de acidentes que geralmente ocorrem dentro dos próprios lares.
“O Corpo de Bombeiros lida com essas ocorrências cotidianamente e acreditamos que a orientação visando a prevenção é o melhor caminho para o enfrentamento destes acidentes”, comentou Telles.

Defensoria Pública monitorará crescimento de casos na Bahia
Preocupada com a escalada de óbitos e internações, a Defensora Pública, Carmem Albuquerque, que atua na proteção de crianças e adolescentes, afirmou que a instituição estará acompanhando os casos na Bahia envolvendo produtos e serviços perigosos que afetem crianças.  
“É direito da criança não sofrer qualquer tipo de acidente com os produtos que estão no mercado. Esta responsabilidade é do fabricante e estaremos cobrando relações de consumo mais seguras”, comentou Carmem.
Os consumidores que sofrerem algum tipo de acidente com produto ou serviço, os conhecidos acidentes de consumo, podem relatar no site www.ibametro.ba.gov.br.

ADI questiona pulverização aérea de produtos químicos no combate ao mosquito Aedes aegypti

Dispositivo da Lei federal 13.301/2016 que admite o uso de aeronaves para dispersão de substâncias químicas no combate ao mosquito Aedes aegypti foi questionado no Supremo Tribunal Federal (STF). A matéria é objeto da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5592, ajuizada com pedido de liminar pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

O artigo 1º, parágrafo 3º, inciso IV, da Lei 13.301/2016 admite a pulverização aérea, desde que a medida seja aprovada pelas autoridades sanitárias e conte com comprovação de eficácia por parte da comunidade científica. Segundo a norma, tal uso pode ser admitido diante de iminente perigo à saúde pública pela presença de vírus causadores de dengue, zika e febre chikungunya, transmitidos pelo mosquito.

O procurador-geral alega violação do direito ao ambiente equilibrado previsto no artigo 225, caput, da Constituição Federal, segundo o qual preservação e proteção do ambiente se impõem ao poder público e à coletividade, por considerar que os danos causados são frequentes, irreversíveis e irreparáveis ou de difícil reparação.

Sustenta ainda afronta ao direito à saúde, por avaliar que “a pulverização aérea de produtos químicos, além de não contribuir de maneira eficaz para combater o Aedes aegypti, provoca importantes malefícios à saúde humana”.

Assim, considerando possíveis danos ao meio ambiente e à saúde, pede a concessão de liminar para suspender a eficácia do dispositivo questionado. No mérito, pede que o STF declare sua inconstitucionalidade.

Fonte: STF.